Nós ki ben di fora




estou numa dessas paragens da capital. o que me vem à cabeça logo é a desconfiança em cada olhar de pessoas que me observa, cada jovem seja mulher ou homem, me deixa desconfiado e inseguro, o que me fica preso é a ideia da insegurança e por desconhecimento da situação se pensa que todo mundo é um agente da delinquência, eu mesmo me torno nisso, um delinquente silencioso ao desconfiar de tudo e de todos, perco a possibilidade conhecer pessoas. a insegurança toma um outro rumo e agiganta num patamar que nos obriga a estar poucos relaxados.

 

la a frente vem um autocarro, ando rapidamente em sua direção e as pessoas se aglomeram e me afasto até todos entrarem e perco o lugar e o autocarro parte em direção ao platô. tento evitar a todo custo viaturas de fretes clandestinos, para um e depois para um outro que é taxe e evito, passa cerca de meia hora não chegou nenhum autocarro, tenho que confiar e aliviar as minhas desconfianças, apanho umas dessas viaturas em direção praia maria, entro e me sento, o senhor condutor esta com uma musicas bem conhecida e muito pouco elegante para os discursos e debates feministas do momento, ninguém liga, na sua maioria os passageiros são mulheres e a musica repete. - só baxul la, ta pupa baxul la. se ninguém liga também não ligo.

 

alguém me fala ao fundo, a voz é me antiga e conhecida. é ela, a minha ex namorada de quarta classe, aquela que me fez ter os primeiros sintomas pouco saudáveis do amor, a minha maior dor de cabeça, minha musa e introdução as primeiras deceções sobre as artes do amor não correspondido. é ela, a nadi. olhamos um ao outro demoradamente igualzinho a aquela musica do velho rubertu karlus, olhamos demoradamente, lembrei aquele nhaku corro que o odair de chema deu a aquela francesa em pleno radio praça.

 

-bu kre badja um deka ku mi? mas resolvi lembrar de um corro mais refinado do tal senhor toli que também foi dito num radio praça já antigo.

 

-não ti importavas de ir fazer umas necessidades bem longas comigo? pois, não senti coragem.

 

ela se aproximou, eu em aproximei, quase que tocamos cara a cara, as palmas das mãos, e ainda ela conserva aqueles olhos bem prenhas como se fosse barriga de neliton ajudante que morreu no seu rosto, grossos, atraentes, porém vi que o tempo já lhe gastou aquele brilho de outros tempos em que brincávamos em bakanorte e os meninos insistiam para eu dizer.

 

-eu ti amo. borrava completamente, porque para mim dizer eu ti amo tem que ser pela vida inteira, nunca mais disse a ela que realmente eu me borrava de medo de dizer aquelas palavras, mas neste instante vou dize-la, e vai ser agora.

 

chegamos a ver olhos nos olhos, cara, cara, dente por dente, lábios por lábios, e disse.

 

-palavras. disse.

 


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