Praia

 






Poetisa, Edna Pina Bala, Natural de Tarrafal de Santiago, residente em Chão Bom, apaixonada pela literatura e moda. tem estado a expressar as suas emoções e ideias através de palavras, o seu sonho e tornar uma mulher consolidada naquilo que ama fazer.  



Poema I


Praia abandonada, serve para quem ama?

mente fluente e nudez de uma praia deserta

conectando com alma, tem que ser nua, coisas de gente que ama.

Falando de ocupação do corpo? É bom estar desprovida de roupas,

A praia é um manto que molha o pensamento, se quiseres, gritos e lamentos.

 

Mulher quando estou na rua, sou mulher,

Sou sua. Sou a crua e deserta quando estou nua de rua,

Meu mundo é uma geografia dentro de uma cabeça fria

 

Sim!

Sou mulher, o meu corpo é um céu que fala o nome de mulher,

Até ainda é bem provável que as mulheres necessitam de dizer em alto som,

-este corpo de mulher, é meu e de mais ninguém. Meu.

Se pela praça a dentro estou Desnuda me chamam de vagabunda,

Dentro de mim há um pensamento maduro, ideias duríssimas que entra sem permissão.


Contudo sou imunda para nariz arrebitado, esses pavões de salto alto.

Sem pudor faço amor com odor de deus, sou de sexo sagrado

A cada grão de areia que corre colado no ao meu corpo, digo em soluços,

Não. Não para. Isso me excita. Não se precipita, estou nua pronto para penetrar,

O desconhecido dentro de mim.

 


Amor velho

 





Meu amor, tenho a tarde livre para irmos beber uma Coca-Cola e celebrarmos a boa safra de apanha de louro seco.
A nossa conselheira de 90 anos disse que é sempre melhor um siré do que uma Coca-Cola. Mas, nesta tarde quero ouvir contigo a música mais famosa de Francis Silva (fefa clarinda) e dedicar toda a melodia a ti, apesar da Coca-Cola e um siré, não importava de ouvir runaway, será uma tarde bom e ouvir bon jovi é a nossa loucura, toalha no chão e pães de marca cristal.
Meu amor, venha, nesta tarde estou livre, estarei na praça a aquecer o silêncio com um cigarro querido dos pescadores, até a sua chegada, vou me esforçar para não ti confundir com a mulher que chegou a cidade com rebocador falatório do subúrbio e anda a calçar futilidades e a cabeça é o lugar das imaginações.
Estou livre nesta tarde para sentarmos no velho parque de colonato, roubar mensagem cortazianos nas asas dos passarinhos, estou livre esta tarde e noutras tardes nesses dias para entrarmos neste estado. Estado de piração e de pura-ção.



Vicio de ser uma boa esposa

 


Parte I


Quando somos novos, sentimos o mundo a andar nas nossas mãos. Por ter quase tudo em dia seremos capazes de fazer grandes revoluções em pensamentos e palavras, às vezes, pensamos que o nosso próprio folgo gira, entra e sai de nós mais rápido que o movimento do mundo, aparentemente. Estar novo é sentir-se convencido de que alguém envelhece, mas só os outros, nós não, especulamos que a nossa geração é melhor que a outra que passou e a que vem vai aprender com as nossas ações, as vezes não são enganos de que tudo o que há no universo gira a volta de nós e mal damos conta que tudo não passa de um tempo muito bem programado para dececionarmos lá a frente da vida e, quando abrimos a nossa trouxa que está cheio de tempo que jamais recuperaremos, com vestuários que vestimos ao contrário por ter tomado uma boa ou má decisão e, ao olharmos a nossa pele, ela as vezes, está ao contrário, por vezes ao olharmos no espelho a nossa própria cara e pele aprende a nos olhar de frente.

A trouxa cheia de roupa é só multiplicação de muitas coisas chamada vida e lida, carregada de um passado muito bem estragada com boas e más coisas e um certo cheiro de um corpo que era novo e a ignorância pura de magia que pouco servia para salvar as nossas próprias revoluções e revoltas.

O sorriso do tempo da mocidade é sinal de que a maturidade é isso. Acertar os nossos erros como se eles fossem um verbo cheio de poder com mãos e pés que mudam se metamorfoseando, o futuro e o presente se entrelaçam e, tudo se conjuga.

No fundo, a maturidade viaja gradualmente no nosso corpo até chegar na cabeça e, ela é no fundo como uma estrela que com o tempo só ilumina e deixa de resplandecer, por nossa conta, por deixarmos raios bem iluminados passar para a outra pessoa, temos de ter a obrigação de iluminar o caminho dos outros, serve para tornear a vida com sabedoria, por isso, quando estamos novos queremos logo brilhar e quando envelhecemos só queremos iluminar as coisas e as pessoas, aí seremos homens com olhos abertos, adivinhadores das ações dos mais novos, seremos uns bons homens e manhentos1 com grandes conhecimentos guardados em silêncio, o próprio silêncio deixara de ser um segredo, cansamos de falar e de estar a repetir as coisas porque a vida nos castiga por  repetir os erros ao aprendemos as coisas fora do seu tempo, guardamos em silêncio. A juventude boa é aquele que envelhece antes do tempo.

Bons pais falam em silêncio, o olhar do homem velho indica o caminho certo do futuro, sendo assim, educam com iluminação e, os filhos brilham na vida. Nada é absolutamente certo na vida, há quem esta, pronto para cortar este ciclo, por isso, o mundo é um lugar onde se estraga com boas e más ações e, sempre há de existir homens que se evoluem diante das dificuldades.

Se pensamos coisas grandes, ficamos imensos, nem se for só no sonho ou a ideia que o valha na cabeça, seremos estrelas e planetas que poucos sabemos se somos, demoramos em descobri-lo. Somos grandes a continuar, a iluminar e seremos algum propósito, inspiradora de alguém que talvez nunca conhecemos. É importante continuar a caminhar.

O homem no seu ciclo de vida não deixa de ser um eclipse lunar que começou enquanto somos novos, termos brilhos intensos na nossa juventude, tempo de invenção de todas as nossas teorias e dúvidas que nos põem a prazo com certas certezas assustadas e outras bem fundamentadas, nessa idade pode-se errar e criar coisas, ver o Albert Einstein e a sua teoria da relatividade e os grandes escritores que escreveram as suas grandes obras ainda jovens, desafiaram colher a parte certa, necessária e fundamental da vida para a humanidade errando muito e acertando poucas vezes, aquelas vezes que os acertos até hoje faz a diferença.

A maturidade parece aquelas estrelas que ficam atrás dos planetas mirando de vez em vez e não deixa de nos apresentar a ideia de que são algo escuros que se tinha guardado um brilho na juventude e apagou quando a idade já é só numero que assusta gradualmente.

É preciso ter aquilo que segura um homem perante a terra, aquilo que é maior que a gravidade, que desafia a resistência e, torna um homem desapegado de certas coisas materiais e terrenas. A fé. Depois a morte. Morte acaba com a verdadeira fé de um homem que a professa, fica a memória. Por isso, são fortes, um com poder e, outro com a eternidade e esquecimento de alguns homens. É preciso ser verdadeiramente necessário.

 

Nós ki ben di fora




estou numa dessas paragens da capital. o que me vem à cabeça logo é a desconfiança em cada olhar de pessoas que me observa, cada jovem seja mulher ou homem, me deixa desconfiado e inseguro, o que me fica preso é a ideia da insegurança e por desconhecimento da situação se pensa que todo mundo é um agente da delinquência, eu mesmo me torno nisso, um delinquente silencioso ao desconfiar de tudo e de todos, perco a possibilidade conhecer pessoas. a insegurança toma um outro rumo e agiganta num patamar que nos obriga a estar poucos relaxados.

 

la a frente vem um autocarro, ando rapidamente em sua direção e as pessoas se aglomeram e me afasto até todos entrarem e perco o lugar e o autocarro parte em direção ao platô. tento evitar a todo custo viaturas de fretes clandestinos, para um e depois para um outro que é taxe e evito, passa cerca de meia hora não chegou nenhum autocarro, tenho que confiar e aliviar as minhas desconfianças, apanho umas dessas viaturas em direção praia maria, entro e me sento, o senhor condutor esta com uma musicas bem conhecida e muito pouco elegante para os discursos e debates feministas do momento, ninguém liga, na sua maioria os passageiros são mulheres e a musica repete. - só baxul la, ta pupa baxul la. se ninguém liga também não ligo.

 

alguém me fala ao fundo, a voz é me antiga e conhecida. é ela, a minha ex namorada de quarta classe, aquela que me fez ter os primeiros sintomas pouco saudáveis do amor, a minha maior dor de cabeça, minha musa e introdução as primeiras deceções sobre as artes do amor não correspondido. é ela, a nadi. olhamos um ao outro demoradamente igualzinho a aquela musica do velho rubertu karlus, olhamos demoradamente, lembrei aquele nhaku corro que o odair de chema deu a aquela francesa em pleno radio praça.

 

-bu kre badja um deka ku mi? mas resolvi lembrar de um corro mais refinado do tal senhor toli que também foi dito num radio praça já antigo.

 

-não ti importavas de ir fazer umas necessidades bem longas comigo? pois, não senti coragem.

 

ela se aproximou, eu em aproximei, quase que tocamos cara a cara, as palmas das mãos, e ainda ela conserva aqueles olhos bem prenhas como se fosse barriga de neliton ajudante que morreu no seu rosto, grossos, atraentes, porém vi que o tempo já lhe gastou aquele brilho de outros tempos em que brincávamos em bakanorte e os meninos insistiam para eu dizer.

 

-eu ti amo. borrava completamente, porque para mim dizer eu ti amo tem que ser pela vida inteira, nunca mais disse a ela que realmente eu me borrava de medo de dizer aquelas palavras, mas neste instante vou dize-la, e vai ser agora.

 

chegamos a ver olhos nos olhos, cara, cara, dente por dente, lábios por lábios, e disse.

 

-palavras. disse.

 


  Gangues do erotismo Mais uma vez o nosso Tarrafal. Quando se lembra ou se fala de Tarrafal, lembramos das suas estruturas históricas, tu...